sábado, 5 de maio de 2012

A IMPERFEIÇÃO DE DEUS



        O fato de querer sempre usar a minha mente para tentar chegar a uma conclusão, interpretação, analise sobre qualquer coisa, me faz passar horas pensando em diferentes temas, não que já não compreenda a inteireza de alguns ou que não queira aceitar a de outros, a questão maior é querer interagir de forma eficaz com as coisas ao meu redor, querer entender a essência das coisas, mesmo que seja impossível, querer saber os porquês de um fato, de uma cultura, de uma tradição..., em fim, o último pensamento em questão é sobre a perfeição de Deus, questiono-me: Ele é perfeito? O quanto? Seus projetos são perfeitos? Sua maior criação, o homem, foi uma criação perfeita?
          É verdade que muitas teorias vagam pelo planeta, teorias meramente humanas que se tornam “filosofias vãs e enganosas” (Cl 2.8), capazes de levar vários seres humanos a embasarem seus pensamentos e verdades, não estou aqui tentando implantar mais um, longe disso. Acredito na Verdade da Bíblia e até acredito na Bíblia como revelação da Verdade de Deus, sei que ela “é escrita por homens inspirados por Deus” (1Pe 1.20), nem por isso conforto o meu pensamento na paralisia angustiante de ser apenas seguidor do que os outros já sabem, busco descobrir sobre a Verdade com o dono da Verdade, pois apego-me firmemente na certeza de que o “véu foi rasgado” (Mt 27.51) dando a mim livre a acesso ao Pai através de Cristo, possibilitando-me ser seu aprendiz diretamente (Lc 12.12, Sl 119.33-34) através de seu “Espirito que nos dar entendimento” (Jo 14.26).
          Não estou dizendo que o que sei é a verdade e que todos devem adotar ou acreditar, apenas irei pontuar algumas questões para reflexão se assim desejarem, mas se se consideram donos do saber ou tem a convicção do que aprenderam é a verdade universal, peço que nem prossiga com a leitura. “Sei que o conhecimento traz orgulho e o amor edifica. Quem pensa conhecer alguma coisa, ainda não conhece como deveria, mas quem ama a Deus, este é conhecido por Deus”.
          Lembro-me, nesse ponto, da Teoria de Platão ilustrado no desenho da “Caverna de Platão”, onde ele dizia: imaginem que desde seu nascimento até sua morte você vive em uma caverna onde seus braços e pernas estão presos em correntes. Você está de costas para a saída e atrás de você existe uma pequena parede, atrás dessa parede existe uma fogueira e outras pessoas fazem com as mãos, ou com outro material, sobras com forma de desenhos, essas sombras serão vista por você na parede do fundo da caverna, que está a sua frente. Aquilo para você é a vida, mas um dia um homem decide fugir da caverna e olhar o que está atrás da parede, ou seja, fora da caverna. Ele se depara com outra vida e aquela verdade que ele acreditava deixa de existir, pois ele decidiu explorar fora do comum.
          Pois é, às vezes sinto-me nessa caverna acreditando apenas em sobras feitas pelos outros, assim decido sair e explorar o que há para ser explorado, mas sem deixar de acreditar na essência da vida, Deus, como criador de tudo e em Cristo como o redentor e filho do grande Eu Sou.
          Vamos prosseguir no questionamento sobre a Imperfeição de Deus. Deus fez tudo que existe, Deus tudo sabe, Deus tudo pode, Deus tudo ver, Deus tudo é, tudo começa nEle e tudo termina nEle.
          Deus um dia decidiu criar o “Homem a sua imagem e semelhança” (Gn 1.26) e deu a ele a escolha de pecar ou não, entro aqui no primeiro ponto:
1.    Se o homem é a imagem e semelhança de Deus e esse homem pode escolher pecar ou não, significa que Deus também pode escolher ser sempre santo ou também pecador? Significa que a sua maior criação coexiste com a perfeição de ser imperfeito? E se Deus pode pecar Ele deixa de ser Deus?
Para mim não, isso faz dele mais Deus do que nunca, pois Ele podendo pecar escolhe ser sempre bom e santo, vence qual quer imperfeição. Isso aproxima Deus da minha imperfeição, mas com uma condição, Deus domina-se. Deus sabe escolher sempre o perfeito e eu tendo a oportunidade de acertar, no entanto escolho errar e ferir a santidade do Pai. Deus se torna perfeito na sua imperfeição.
E se Deus mudar de ideia ele pode ser inconstante? Deus se “arrepende de ter feito o homem” (Gn 6.6), eu posso fazer como muitos têm feito, pegar esse versículo e não ler de forma literal, ou seja, não levar ao pé da letra e tentar justificar com muitos argumentos que o homem procurou  comparar em palavras o sentimento de Deus ao do homem, procurar aproximar Deus do que o homem sente ao perceber que fez algo de errado. Se assim pesares desqualifica o versículo que diz que o homem foi inspirado por Deus para escrever a escritura, pois dá a responsabilidade das escrituras a interpretações humanas. Limitando Deus ao mínimo saber linguístico, gramatical do homem.
Mas posso pegar esse versículo e lê-lo de forma literal, afirmando que Deus está dizendo: “errei por ter feito o homem, irei destruí-lo. E como forma de corrigir um erro meu, irei deixar viver apenas aqueles que escolherem me seguir.”
Depois de ter destruído parte da humanidade Deus volta atrás de uma decisão sua e “nunca mais irá amaldiçoar a terra por causa do homem”, Deus reconhece que a sua criação é imperfeita, Ele afirma, “pois o seu coração é inteiramente inclinado para o mal desde a sua infância” (Gn 8.21).
2.    A maior evidencia da Imperfeição de Deus está em Jesus Cristo. O quê? IMPERFEIÇÃO EM CRISTO? Calma, irei explicar.
Deus tudo sabe, e quando ele pensou em fazer o homem, Ele já sabia que teria que dá seu Filho como expiação por nossos pecados, Ele já sabia que haveria de crucificar Jesus para nos salvar, Ele já sabia que o sacrifico de Jesus iria acontecer, seria inevitável, pois o homem que criara iria escolher desobedecê-Lo.
Agora imagina tudo isso passando na cabeça de Deus, se Deus não fizesse o homem ele seria na menor das hipóteses um egoísta, um medroso, um covarde, mas Deus rapidamente encontrou em si uma forma de corrigir seu erro. Ele escolhe fazer o homem e permite-se ser entregue para nos salvar, ou seja, decide entregar seu “Filho para todo que nele crê não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16), isso antes mesmo de ter realizado sua maior obra, o homem. Deus diz: “eu mesmo irei me sacrificar para corrigir o erro que cometi”. Deus sabe que o homem é pecador e que Ele é o culpado, sabe também que mesmo Ele sendo culpado não poderá permitir que esse pecado entre em seu Reino, pois seu lugar é excelso em santidade e como Criador pagará o preço do pecado para dar a esse homem a chance da eternidade ao Seu lado, deixando agora a escolha nas mãos do homem mais uma vez.
Em Cristo a perfeição de Deus vem existir, em Cristo o erro vem ser corregido, em “Cristo as coisas antigas já não existirão mais tudo se fará novo” (2Co 5.17)
          Sim, somos a imagem e semelhança de Deus, somos cheios de pecados assim como o Pai pode pecar, atentem Ele pode pecar, mas não o faz, Ele é perfeito na sua imperfeição. É nisso que consiste a perfeição, em ser imperfeito, em ter a escolha de fazer o errado, mas não o fazer.
          Sempre imaginamos Deus perfeito e jamais conseguimos aceitar que Deus pode pecar, pois o alicerce da fé de muitos está na imutabilidade do Pai, ou seja, “meu Deus é santo, puro, é sobre todos e tudo, suas palavras jamais mudam, Ele é perfeito, nada de errado pode acontecer com Ele, Ele jamais pode errar, jamais pode isso, jamais pode aquilo, Deus é isso, é aquilo”. Tiago já dizia que “Deus não pode ser tentado” (Tg 1.13). Eu poderia também pegar esse texto e não ler de forma literal, mas não pode, pois a base da minha fé pode ser abalada.
          Sim, Deus não pode ser tentado, por tanto não significa que Ele não pode errar, assim como os seres viventes podem, assim como o anjo de luz pode, Deus também pode. Deus é perfeito por que sempre vence e sempre irá vencer todas as imperfeições existentes em si, Ele é Criador de tudo. Deveria eu aprender a querer ser perfeito e em Deus ter pleno conhecimento das minhas imperfeições, só com Ele e nEle aprender a vencer dominando-me “aprendendo a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente...dedicado à prática de boas obras” (Tt 2.12,14), aprendendo ser perfeito dominando a imperfeição.
          Quando olho pra Jesus e vejo um Deus que tudo pode, que tudo sabe, que tudo ver, imagino que vim a terra e morrer por todos foi muito fácil. Agora se olho para Ele e vejo que a condição para valer seu sacrifico na cruz e salvar todos os seres era se tornar semelhante ao homem, logo sei que a liberdade para pecar habitava em seu ser, mas nele não foi encontrado pecado algum, isso me mostra mais uma vez que a perfeição consiste em dominar a imperfeição e Deus como homem mostrou que é possível vencer o pecado, isso me mostra que nele também posso.
          Agora se você volta a afirmar que Deus não pode pecar, faço dele menor que Jesus que veio como homem, experimentou os desejos dos seres humanos e saio vencedor, isso é Deus, vencedor das imperfeições e perfeito sobre elas.
          Volto afirmar que não estou aqui buscando inserir mais um ensinamento que levarão “as crianças para lá e para cá por qual quer vento de doutrina” (Ef 4.14), estou me aperfeiçoando em Deus e com Deus, pois meu desejo é “Sua aprovação e não a de homens” (Gl 1.10). Busco aprender com Deus e não com homens. Quero ser um líder que compreende Deus em sua plenitude e não um seguidor de mais um religião ou ensinamento farisaico ou judaico.
          Acreditar na Imperfeição de Deus aumenta a fé que tenho em um Deus superior a tudo, um Deus que tudo domina, um Deus que tudo pode, um Deus que não é limitado ao que acredito ou suponho. Sigo a Deus pelo que Ele é e não pelo que pode me dá, sei que mereço o inferno e que se eu morresse agora nada evitaria esse acontecimento a não ser pela Sua graça alcançada na perfeição de Cristo.
          Quero terminar lhe fazendo uma pergunta: Se o grande Eu Sou mudasse de ideia sobre salvar os homens, se ele falasse que nem um ser mais irá obter a salvação em Cristo Jesus, o que você faria?
1.    Iria questioná-Lo, confrontando-O com a Bíblia, afrontando-O com que nela está escrito, batendo o pé afirmando que Ele não pode ir contra o que Ele já disse por que Ele é Deus?
2.    Ou falaria como o Salmista: “para onde eu irei se só Tu tens as palavras de vida eterna”
          Obs.: Tenho certeza que se leu a segunda questão e logo questionou que isso não foi o Salmista que disse, mas sim Pedro respondendo a Jesus (Jo 6.68), logo penso, que se Deus lhe fizesse a pergunta referida, você varia como escrito na primeira alternativa.