Pobre sou de sabedoria quando isolado na mata da vida;
Contudo a cada dia pego meu remo e minha canoa e parto em busca do conhecimento.
Saio cortando rios, lagos, igapós;
Uso da força do braço e da capacidade da mente.
Agora sou um caboclo informado, um caboclo informatizado;
A esperança de minha mãe se concretiza;
A esperança da mata se completa;
A minha vida muda e agora sou civilizado.
Mas o sangue caboclo vive em mim;
Ele é parte de mim, ele é o meu guia.
Prossigo sendo pescador, saio a procurar a sabedoria;
Que enredado nas entranhas da curiosidade me leva a mergulhar no seu mundo.
E aos poucos me leva a terra firme;
Leva-me para assim me firmar na selva da vida.
Vida que aos poucos muda pela globalização que chega à mata;
Ainda sou caboclo que dança ao som da noite;
Iluminado por vagalumes, atormentados por carapanãs.
Culturalmente isolado, culturalmente desprezado;
Mas ainda caboclo convencido que a vida na mata a de prosperar;
Mata que me cria, que me forma, que me ensina, que me sustenta.
Haja o que houver ainda sou caboclo.