domingo, 6 de novembro de 2011

EDUCAR PARA O FUTURO OU EDUCAR PARA SOCIEDADE?

Acredito que no decorrer dos anos sempre ouvimos dizer que precisamos “Educar as crianças na escola para o futuro”, com essa frase me levo a pensar, visto que é o que tenho observado, as pessoas são criadas, ensinadas, educadas sim para o futuro, mas futuro que os isola de seus compromissos do fazer sociedade, do ser sociedade, do existir em sociedade, pois o futuro em que são ensinados é o de lutar pelos seus sonhos, pelos seus interesses, pelos seus propósitos. Posso observar que as pessoas são ensinadas a não pensar em coletivo, não pensar no grupo, a não ser quando há a necessidade de se obter benefício próprio, fato que os isola do campo existencial da vida em comunidade ou em sociedade.
“Educar para o futuro” é criar uma “sociedade” egoísta, uma “sociedade” que não se preocupa com a verdadeira organização política de se fazer Sociedade, pois “política” é um ato abrangente de existir em Sociedade e de fazer Sociedade, é o ato de PARTICIPAR NA SOCIEDADE da criação ou recriação de modos, jeitos, cultura.
A palavra “política” tem origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em cidades-estados chamados "polis", nome do qual se derivaram palavras como "politiké" (política em geral) e "politikós" (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), que se estendeu ao latim "politicus" e chegaram às línguas europeias modernas através do francês "politique" que, em 1265 já era definida nesse idioma como "ciência do governo dos Estados". O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidades-estados. Por extensão, poderia significar tanto cidade-estado quanto sociedadecomunidadecoletividade e outras definições referentes à vida urbana.
Para Aristóteles, um homem incapaz de “viver em sociedade” ou alheio ao Estado é um “bruto ou uma divindade”. Em algumas edições de “Política”, a frase dele é assim traduzida: “O todo deve, necessariamente, ser posto antes da parte”. Isso, obviamente, seria próprio de uma tendência gregária detectável em várias espécies. Mas, de acordo com Aristóteles, o diferencial do homem está no fato de ele não se unir aos demais apenas para a satisfação de seus desejos imediatos (reprodução, proteção, alimentação, etc.), saciados no seio da família ou da aldeia. Ele tende a ir além, dar vazão às suas potencialidades, e nesse ponto entra a importância da “pólis” para sua realização.
Nesse sentido, sendo impossível separar homem, como ser existente em um espaço sociocultural, de política, pois a política existe pelo fato da humanidade ter crescido e se desenvolvido em larga escala, por isso houve a necessidade de organiza-la e estrutura-la de modo a suprir a necessidade de cada um. E o homem coexiste para a política, visto que, a necessidade de expressão, a necessidade de falar, de participar, de criar na sociedade é estreita ao ato de relacionar-se com seus habitantes.
Com tudo, quero dizer que quando se usa a frase: “Temos que educar para o futuro”, a educação não está sendo alicerçada no desenvolvimento participativo do cidadão em Sociedade, pois não há o compromisso de fazê-lo entender que a sua existência na mesma se dá pela sua interação e relação entre seus ideais e os ideais de todos onde ele cultua a sua vida. O ser humano, como ser presente em um espaço cultural, não pode se isolar focando apenas os seus planos, sonhos, metas e objetivos.
O ato de “Educar o aluno para Sociedade” não é fugir de princípios básicos como ensinar português e matemática, não é fugir do compromisso de atingir conhecimentos nas áreas que a educação escolar hoje está estruturada, mas é a visão de que esse aluno, ou melhor, esse cidadão precisa compreender seu papel e seu dever como um participante no ato de existir na Sociedade, ele precisa desenvolver, nos seus dias em “sala de aula”, a capacidade de ser político, a capacidade de fazer política.
Para tanto há a necessidade de pensar na figura do professor, pois é ele o grande responsável pelo desenvolvimento de tais características em seus alunos, visto que é ele que está em constante contato com o aluno, e é claro não absorvendo nem um pouco a responsabilidade que também tem a Federação, o Estado, a Escola, e a Sociedade.
O professor que ensina ou que transmite algo ao seu aluno, mesmo baseado nos estudos científicos aprendidos na academia, passa a eles verdades suas; conceitos formados, ideologias, pensamento, maneira e forma de pensar seus. Sendo assim impossível separar a educação de ideologias e de posição política. A verdade é que o aluno que se identifica com tal matéria ou disciplina, primeiro se estreita pela pré-disposição de ver o mundo de tal qual seu educador, e a partir de então passa a ser doutrinado e até “imobilizado” se o professor não souber caminhar com flexibilidade por toda área do conhecimento e das ideologias que cercam uma cultura.
Agora se nos deparamos com professores arcaicos, professores que são verdadeiros ditadores, que não se admitem a caminhar por outras verdades que formam uma sociedade, jamais haverá a formação “na educação para a Sociedade” daquele aluno que estiver em seu domínio, pois esse não aprenderá nem aquela disciplina e nem a formação de uma ideia a partir da aula desse professor, pois o mesmo não gera no aluno a investigação de como uma ideia pode ser verdade ou não, de como um conceito pode existir, de como uma filosofia passa a ser acreditada como uma verdade, visto que o professor isola seu pensamento em apenas um caminho, o seu.
É impossível fugir do fato de que um professor, de uma forma ou de outra, repassa a seus alunos a maneira na qual ele desenvolve um pensamento ou acredita em um fato A ou B, pois este tem suas crenças, suas posições, suas “verdades”. Nesse sentido é que se deve ter o grande cuidado com o que o futuro cidadão passará a acreditar em algo ou até defender tal ideologia.
O professor precisa ser consciente e compreender que ele não está exercendo um papel de doutrinador e que seus alunos não devem ser meramente repetidores de seu pensamento ou de sua maneira de fazer política, sendo nesse ponto a grande capacidade de o orientador ser flexível na hora de expor tal filosofia, crença ou pensamento para que possa dar ao seu orientado toda informação necessária para poder então fazer a analise e chegar a uma conclusão, exigindo assim do aluno a necessidade de meditar nas ideias expostas para assim formar a sua, que poderá ser uma verdade ou não, portanto dessa maneira gerou dentro do aluno uma discursão excelente na tentativa de obter algum resultado. Causando assim uma comparação entre o que ele achava que sabia e a informação que acabou de receber, dessa maneira levará o aprendiz a chegar ao verdadeiro aprendizado, que consiste em agregar em si uma nova informação, podendo gerar uma mudança de comportamento ou pensamento.
No entanto, para isso, a educação do educador deve ser palpada em princípios que futuramente valerão a pena, de fato, ser repassados para seus alunos, pois um futuro se faz com ideias e filosofias e o que o professor é, poderá muito bem ser imitados por seus alunos.
Na tentativa de “Educar o aluno para a sociedade” a gestão participativa poderia adotar alguns projetos como:
Fazer eleições simuladas para prefeito e vereadores na escola e para a escola. Poderia dividir a escola em partidos socialista, comunista, capitalista, democratas... Escolher presidentes para representa-los, podendo ser professores.
Os vereadores e o prefeito poderiam ser responsáveis pela organização dos eventos que o ocorrem o ano todo na escola. Devendo haver encontros regulares para tais decisões.
Fariam acontecer os eventos, as reuniões, encontrariam as soluções para os problemas, limpeza e pintura da escola e demais serviços onde os mesmos deveriam ter o compromisso de fazer com que aconteça.
Na tentativa de simular a sociedade a Escola poderia fazer eleições a cada ano. Poderia também eleger advogados para defender envolvidos em confusões na escola diante do juiz que seria o Pedagogo ou o Gestor. Poderia escolher policiais que teriam o compromisso com a segurança e organização
Os demais alunos seriam o povo que fiscalizariam e que participariam de todo processo. Objetivando levar o aluno a conhecer como funciona a sociedade. Levar o aluno a ter a capacidade de participar do processo. A desenvolver a vontade futura de fazer a diferença no seu local de vida. 
Contudo quero enfatizar que devemos aprender a Educar alunos para a Sociedade e não mais Educar para o Futuro o seu futuro, devemos ter o compromisso de fazer com que se desenvolva o interesse dos mesmos pela participação na Sociedade, à compreensão do ser como político e do fazer politica em sociedade.
O futuro é feito a partir de filosofias e de ideias que possam envolver todos os que fazem parte de uma cultura e de uma sociedade que compõe uma Cidade, Estado e Federação.